sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Dançando no escuro!




O que dizer de um espetáculo de filme desses?
Acho que ainda me encontro em estado de  "choque" depois de tê-lo assistido; acreditem!
Lindo, envolvente, triste, cru, trágico, reflexivo, autêntico, crítico, originalmente uma obra de arte. Um filme que contrapõe o egoísmo de uns, ao lado da capacidade que outros tem de se entregar para salvar o outro.
Ao mesmo tempo que aborda o mundo de Selma, seus dramas, medos e esperanças, Lars von Trier traz em cena a "fraqueza" da justiça.

sábado, 23 de outubro de 2010

Coronel Nascimento: Um "novo" herói?

O cinema tem uma capacidade fantástica de dialogar com as pessoas, seja atráves de metáforas ou de linguagens mais diretas. O importante é que cada filme consiga provocar, entreter, estimular a reflexão, informar e emocionar da forma mais próxima possível para com seu público.
Há poucos dias fui ao cinema assistir Tropa de Elite 2, confesso que fui sem esperar muita coisa do filme, mas acabei me surpreendendo e gostando muito da produção. Daí fiquei refletindo sobre cinema e, principalmente, sobre  a capacidade que ele tem de "dialogar" com as pessoas.
Um filme que vai além do clichê de ação____aquele com tiros, mortes e muita violência, que se limita apenas a exibir alguns minutos de cenas chocantes para acelerar batimentos cardíacos; Tropa de Elite 2 combina ação com reflexão. Para aqueles espectadores que foram esperando assistir apenas algumas horas de tiros, palavrões e confronto polícia x traficante, devem ter retornado para suas casas satisfeitos, pois o filme propiciou tais cenas. Mas acredito, que a maioria dos espectadores retornaram para casa com algo mais na cabeça do que simples imagens de tiroteio e confronto policial, ao menos com uma inquietude diante da crítica do filme, mesmo que passageira.
O filme escancarou um inimigo muito mais forte, mais inteligente e mais sagaz do que aquele chamado de vagabundo, marginal e/ou traficante. O mais curioso é o fato desse inimigo ser macro e "invisível" ao mesmo tempo, ou pelo menos, "microscópico" para a percepção da sociedade.
Enfim, achei o filme muito bom, a crítica válida e bem desenvolvida. Apenas achei o despertar "filosófico" do Coronel Nascimento (Wagner Moura, excelente ator,diga-se de passagem) meio forçado e com um "Q" de heroísmo por trás. O que eu acho é que aquele policial truculento e interessado em acabar com a "podridão" do sistema acabou se tornando uma espécie de "herói/monstro" para a maioria daqueles que aprovaram o Tropa de Elite 1, como essa não deve ter sido a intenção de José Padilha, provavelmente ele tentou criar um novo herói Nascimento; o novo herói aparece quando ele assume a função de concientizado/conscientizador (do meio para o final do Tropa de Elite 2). Na minha visão, agora ele passa de "herói policial/truculento" a "herói conscientizador" de uma forma meio "forçada"( vou usar esse termo). É óbvio que tenho que levar em conta as novas experiências que abriram os olhos de Nascimento para o verdadeiro inimigo, mas ainda assim, a intenção de se "desenhar" um novo herói parece mais forte no Tropa de Elite 2.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Viva o povo brasileiro!!

Deixo aqui as belas e arrepiantes palavras de Maria da Fé, personagem revolucionária da obra Viva o Povo Brasileiro, do ilustre João Ubaldo Ribeiro. Hoje a literatura me confortou e me encheu de esperanças mais uma vez. As palavras de Maria da Fé naquele sertão de Canudos ecoou além da obra, rompeu os limites da ficção, atingindo-me diretamente e enchendo-me de um misto de conforto e esperança em relação ao nosso país.


(...) __ Mas esta guerra civil não terminará aqui, com a derrota nesta batalha, esta guerra civil continuará pelos tempos afora, assumirá muitas caras e nunca deixará de assombrar vocês, até que cesse de existir um país que em vez de governantes tem donos, em vez de povo tem escravos, em vez de orgulho tem vergonha. O poder do povo existe,ele persistirá. (...) Terão de matar um por um, destruir casa por casa, não deixar pedra sobre pedra. E mesmo assim não ganharão a guerra. Só o povo brasileiro ganhará a guerra. Viva o povo brasileiro! Viva nós!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sinestesia

Como pode um cheiro me fazer relembrar algo?Como pode uma música desenhar em minha mente a imagem de uma pessoa, e me arrancar o choro? Diante desses pensamentos, parei ontem a noite para refletir e, principalmente para sentir a  riqueza sensorial.
Ontem à noite, como de costume, fui ouvir um pouco de música antes de dormir. Peguei um desses aparelhos da "modernidade tecnológica"(o MP alguma coisa,acho que era o 3), conectei em uma rádio local e comecei a ouvir. Passaram alguns minutos e tocou uma música que sempre me faz lembrar uma pessoa maravilhosa, que tive o prazer de conhecer,mas que teve que se desligar do mundo material . Imediatamente comecei a lembrar dela, me veio lágrimas nos olhos, e na minha mente um filme passava,me trazendo de volta a sua imagem.
Passado esse momento de lembrança e saudade, ficaram as indagações sobre essas coisas que as vezes nos pega, mas que na maioria das vezes deixamos passar mais uma vez, como se nada significasse.
Futucando algumas coisas na minha cabeça, me lembrei de Baudelaire/Correspondências.

Correspondências


A natureza é um templo onde vivos pilares
Deixam filtrar não raro insólitos enredos;
O homem o cruza em meio a um bosque de segredos
Que ali o espreitam com seus olhos familiares.
Como ecos longos que à distância se matizam
Numa vertiginosa e lúgubre unidade,
Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade,
Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam.
Há aromas frescos como a carne dos infantes,
Doces como o oboé, verdes como a campina,
E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes,
Com a fluidez daquilo que jamais termina,
Como o almíscar, o incenso e as resinas do Oriente,
Que a glória exaltam dos sentidos e da mente.